O Brasil é um caso raro de país com taxas de dois dígitos de inflação, juros e desemprego, segundo levantamento feito pela agência de classificação Austin Rating.

Com 12,75% de juros e 12,13% de inflação, o país ocupa o quarto lugar no mundo. No índice de desemprego, o Brasil avança ainda mais e ocupa o terceiro lugar, com 11,10%. Taxas de dois dígitos nos três indicadores não eram registradas desde 2016.

Além de impactar a renda e consumo, registro da “tríplice coroa” negativa compromete o ritmo de recuperação da economia, que segue com projeções de crescimento bem abaixo da média mundial e dos emergentes.

De acordo com o pesquisador do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – DIEESE, Ricardo Franzoi, o Brasil vive um momento muito conturbado com a aceleração da inflação e os piores índices do mundo. “Temos taxa de desemprego, taxa de juros e inflação que são as maiores do mundo e o crescimento é um dos piores”, justifica.

Franzoi explica que esse cenário impacta na baixa renda dos trabalhadores e na diminuição do poder de compra. “As medidas que o Governo está tomando com auxílios vão até dezembro e não resolvem a problemática brasileira”, elucida o pesquisador.

Mais do que indicar uma situação econômica bastante ruim no Brasil, a conjunção de taxas de dois dígitos de inflação, juros e desemprego escancara os efeitos das sucessivas crises dos últimos anos e dos problemas estruturais da economia brasileira, que há anos vem registrando baixo crescimento, conforme esclarece o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.

O economista explica que, embora a inflação tenha se tornado um problema global, puxada principalmente pela disparada dos preços da energia e de commodities, em países como os Estados Unidos ela também tem sido alimentada pela situação de praticamente pleno emprego. “Nos Estados Unidos, há renda para absorver a alta da inflação. Então é natural que se tenha um juro também maior. Já no Brasil, a gente não tem um mercado de trabalho para absorver essa inflação alta e os juros tem que subir para combater essa inflação de custos”, observa.