A queda dos combustíveis e na energia elétrica não beneficia todos os brasileiros.  De acordo com o Índice Nacional de Preços do Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, registrou baixa de 0,68% em julho. Em contrapartida, o custo da alimentação continua em alta, registrando média de 1,30%.  Essa variação acaba beneficiando mais as famílias de classe alta.

Enquanto a classe baixa, com trabalhadores que recebem de um salário mínimo a um salário e meio, tem uma deflação de 0,36%; a classe alta, com renda de 11 salários e meio a 33 salários mínimos, tem uma deflação de 1,05%; 3 vezes mais que a classe baixa.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre os produtos e serviços pesquisados, a queda ficou concentrada em dois dos nove grupos, sendo eles: transportes (-4,51%) e habitação (-1,05%). Ambos influenciados pelos cortes nas alíquotas do ICMS sobre combustível e energia elétrica.

Segundo o economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) André Braz, só deve sentir realmente o resultado da deflação a população de renda mais alta. Já as famílias de baixa renda devem comprometer ainda mais o orçamento com a compra de alimentos: os produtos de alimentação e bebidas tiveram, mais uma vez, a maior variação — 1,30% — dos grupos do IPCA.

O Presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio Ivomar de Andrade explica que os números retratam a nossa atual realidade. “Não precisa ser economista para entender que no dia-a-dia há um achatamento da renda, influenciando na capacidade de compra dos insumos mais básicos da família brasileira”, argumenta. Segundo Andrade, a inflação possui um peso maior para o trabalhador com a alta dos alimentos. “A deflação na gasolina e na energia elétrica não impacta tanto nos gastos do trabalhador como itens da cesta básica”, observa.